terça-feira, 25 de outubro de 2011

CARIMBÓ




 Ouço o som dos curimbós como as vozes dos trovões anunciando a chegada da chuva.
No balanço do rio até as canoas dançam carimbó.

A chuva acompanha no seu som o balancear das maracás  e as árvores bailam no vento as suas folhagens como a saia rodada da morena de cabelos cacheados como cipós.

O sabia canta como a flauta acompanha o canto roco do caboclo do interior .
A pororoca traz aquele som forte e continuo quando vem batendo com força nas ribanceiras do rio como o rufa do banjo nas suas palhetadas.

E o caboclo canta a natureza como num ritual indígena, a morena dança a sua saia no som pau e corda desse carimbolado da natureza.


Johnny Craveiro.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

TUA FLOR



Quero ver a tua flor desabrochar no fim da tarde.
Vou arrancar todas as tuas pétalas para sentir o sabor adocicado do teu néctar transbordando na minha boca como num gozo sem fim.

Quero te pegar de quatro, assim desarmada, indefesa para saciar as minhas vontades e alimentar os meus mais íntimos desejos.

Quero te devorar, te comer por inteira, te cansar na minha cama, sentir tua boca calentando ele e depois sentir a tua outra boca engolindo ele.

Suada nos meus lençóis, vou sufocando-te no meu aperto, nascendo na tua boca para só depois te amar até o final de nosso dia carnal.
Johnny Craveiro.

sábado, 15 de outubro de 2011

FÉ & DEVOÇÃO




Em cada esquina soam as canções de fé, em cada passo apertado um pedido em oração, em cada gota de suor o esforço de se ter a promessa cumprida.

Com os pés descalços o romeiro chora, o romeiro reza, o romeiro louva a nossa Senhora de Nazaré.

Do auto da mangueira vejo o barquinho de miriti navegar nesse mar de gente, vejo o anjinho que ainda não aprendeu a voar no ombro do seu pai protetor, vejo as fitas, a chuva prateada cintilando no vento.

Sinto os fogos estourem dentro do coração em quanto à berlinda flutua na multidão.
As mãos estendidas para o céu pedem graças ao som sagrado dos sinos.

Com as mãos unidas seguem desenhando a corda até todo esse mar de fé e devoção desaguar dentro da Basílica de Nazaré.

Johnny Craveiro.