quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

MEU VELHO CABOCÃO


Pelo manguezal o moleque corre, vai catando caranguejo, se pintando todo de lama na realidade do seu cotidiano diário.

Do auto da árvore se joga e vem voando como um sabiá cantador, gritando toda a sua emoção até desaguar no igarapé, no fundo das águas é veloz como um Tucunaré.
 Pega a canoa e vai desbravando os caminhos do rio. Moleque pedi licença pra entrar na mata porque a mãe d’água pode te mundiar e não conseguirá mais voltar.

Fecha os olhos e escuta o som da floresta, as folhas tocando, o Uirapuru cantando, a maré embalando e lá no fundo o galo anunciando o fim da tarde.

O azul do céu é da cor dos teus olhos que refletem a pureza de um erê sonhador.

Hoje é o seu Oscar que carrega o passar do tempo nas costas, as dores do corpo e a felicidade de ainda poder ter o mesmo brilho nos olhos daquele moleque sonhador que um dia foi.

Meu amigo, meu companheiro de vida és nada mais que meu avô, meu velho Cabocão.


Johnny Craveiro.

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